A relação entre saúde ocupacional e alcoolismo é complexa e relevante. Reconhecido como doença crônica pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o alcoolismo impacta diretamente o trabalhador, o ambiente corporativo e a sociedade. No Brasil, esse entendimento também está presente na legislação e na jurisprudência trabalhista.
Principais Impactos do Alcoolismo no Ambiente de Trabalho
Segurança no Trabalho
O álcool afeta reflexos, julgamento e atenção, elevando o risco de acidentes, principalmente em atividades com máquinas, direção ou atenção contínua.
Produtividade e Desempenho
O alcoolismo pode causar absenteísmo, presenteísmo, lentidão cognitiva, falta de concentração e queda no rendimento geral.
Saúde do Trabalhador
Está associado a doenças hepáticas (como cirrose), cardiovasculares, neurológicas, transtornos mentais e imunológicos, que podem levar a afastamentos prolongados, invalidez e morte precoce.
Clima Organizacional
O alcoolismo pode gerar conflitos interpessoais, agressividade, instabilidade emocional e deterioração do ambiente de trabalho.
Custos para a Empresa
Há impactos diretos (gastos médicos, acidentes) e indiretos (queda de produtividade, rotatividade, imagem institucional).
Aspectos Legais e Dever do Empregador
A CLT prevê a demissão por justa causa em casos de embriaguez habitual ou em serviço (art. 482, alínea “f”). No entanto, o entendimento atual da Justiça considera o alcoolismo uma doença. A demissão do trabalhador dependente pode ser anulada se não houver oferta de apoio para tratamento.
Empregadores devem:
- Oferecer suporte médico e psicológico.
- Evitar discriminação e preservar a dignidade.
- Garantir a segurança coletiva com afastamentos temporários, se necessário.
Ações de Prevenção e Apoio nas Empresas
1. Campanhas de Conscientização: Educar sobre os riscos do álcool e combater o estigma, promovendo empatia e compreensão.
2. Política Interna sobre Álcool e Drogas: Clara, preventiva, com foco no acolhimento e não apenas na punição.
3. Capacitação de Gestores: Reconhecer sinais de uso abusivo e encaminhar com sigilo e respeito.
4. Programas de Apoio ao Empregado (PAE): Oferecer suporte psicológico, social e encaminhamento para tratamento.
5. Parcerias com Instituições de Apoio: Como SUS, Alcoólicos Anônimos (AA) e grupos de apoio familiar.
6. Reinserção e Acompanhamento: Apoiar o retorno do trabalhador, com foco na autoestima e superação do estigma.
7. Testes de Alcoolemia (onde cabível): Permitidos legalmente em funções críticas, desde que respeitados critérios técnicos e legais.
Investir em programas de prevenção e apoio ao alcoolismo é mais do que uma obrigação legal — é um compromisso com a vida, a dignidade e a sustentabilidade das relações de trabalho. Empresas que atuam com responsabilidade nesse tema fortalecem a saúde organizacional, promovem ambientes mais seguros e humanos, e constroem uma cultura de cuidado mútuo.













